Category: Ortopedia

10/02/2021 por medvale 0 Comentários

E AGORA? ESTOU COM TENDINITE?

A tendinite é um diagnóstico constante no consultório de cirurgia da mão. Na verdade esse acaba sendo um diagnóstico equivocado de quaisquer dores nos membros superiores. A tendinopatia pode ser considerada como qualquer doença dos tendões do punho e dedos, ou ainda de tendões do cotovelo ou ombro.  A partir dos sintomas, várias doenças podem ser diagnosticadas.

Causas

São diversas, desde sinovites inflamatórias, infecciosas, ou compressões dos tendões nos túneis fibrosos que eles repousam. Geralmente cada tendão tem um túnel específico, e neles podem ocorrer a inflamação e a longo prazo evoluir para dor.

Sinais e sintomas

A dor é o principal sintoma. Ela acontece em pontos específicos, ou pode ser difusa. Ela piora sempre que se utiliza o músculo doente.

Diagnóstico

O exame físico do médico é a principal forma de diagnosticar essas doenças, com manobras específicas e testes musculares. As tendinopatia podem se dividir em:

  • Inflamatórias ou de depósito (doenças reumáticas, por exemplo)
  • Compressões em túneis fibrosos (Síndrome de De Quervain, Síndrome da Intersecçao, Dedo em gatilho, Síndrome do Túnel do Carpo)
  • Tenosinovites por LER/DORT (Tendinopatia dos Flexores do punho, ou dos dedos)
  • Entesites (Inflamação das origens ou inserções dos músculos, como as Epicondilites)
  • Mialgia (dores musculares por esforço ou lesões específicas)

Ultrassonografia e ressonância magnética demonstram a inflamação e edema (inchaço) nos tendões.

Tratamento

  • Curto prazo – Analgésicos e antinflamatórios são o carro chefe do tratamento, assim como compressas frias ou quentes, a depender da doença. As dores normalmente são resolvidas temporariamente, e aí está o problema.
  • Médio e longo prazo – Terapias como alongamento e fortalecimento muscular são a opção para evitar o retorno dessas doenças. Infiltrações locais com corticoides podem ser uma opção.
  • Cirurgia – Algumas tendinopatias tem indicação cirúrgica se não tiverem bom resultado com tratamento conservador. As cirurgias normalmente não necessitam de imobilização prolongada, com o paciente retornando as atividades normais em até 2 semanas.

Dr. Vinícius Almeida

13/01/2021 por medvale 0 Comentários

QUEBREI MINHA MÃO

Traumas no membro superior são muito comuns. As mãos são nossa principal ferramenta para atividades diárias e, por isso, estão em constante risco. Ferimentos, contusões, entorses, luxações ou fraturas podem ser muito debilitantes se não tratados corretamente e em tempo hábil. As fraturas de ossos da mão são as mais comuns da prática ortopédica. Há 27 ossos nela, e cada um tem sua peculiaridade. É importante frisar que nem sempre um dedo “torto” é devido a uma fratura!

Causas

O trauma. Quedas, esmagamentos por portas ou janelas, lesões por martelo ou por uso de outras ferramentas, lesões esportivas (socos ou entorses). Traumatismos leves também podem causar fraturas, mas nesses casos devem ser investigadas as causas de enfraquecimento dos ossos, como a osteoporose ou tumores.

Sinais e sintomas

A dor e o inchaço são os principais sintomas. Dificilmente haverão fraturas sem dor, mas podem ocorrer dores sem fraturas, não se assustem. Deformidades francas dos dedos são de fácil diagnóstico, mas a maioria das fraturas não se apresentam dessa forma.

Diagnóstico

As radiografias tomam papel primordial nos casos de trauma e na suspeita de fratura. Devem ser solicitadas no momento do trauma e como acompanhamento de sinais de consolidação. Dentre os diagnósticos:

  • Fraturas de Falanges (ossos dos dedos)
  • Fraturas do Escafóide ou de outros ossos do carpo (ossos do punho)
  • Luxações (quando a articulação perde o encaixe)
  • Lesões de ligamentos (podem levar a luxações)
  • Contusões simples (o que os leigos chamam erradamente de luxação)

Tratamento

A maioria das fraturas dos dedos pode ser tratada com imobilização. Assim como luxações, lesões ligamentares ou contusões. O tempo de imobilização é que varia. Contusões são imobilizadas buscando apenas o alivio da dor, e podem ser retiradas assim que cessar.

As fraturas dos dedos normalmente não devem ficar imobilizadas mais do que 4 semanas, salvo em raras exceções. Luxações e lesões ligamentares podem resolver-se em apenas 3 semanas de imobilização.

Já no punho, tanto em fraturas quanto em luxações,  o tempo de imobilização é mais prolongado, podendo chegar até a 12 semanas, dependendo da lesão.

Cirurgia

Desvios muito grandes dos dedos ou instabilidade são indicações de cirurgia. Quando o dedo fica torto (desvio rotacional) também deve ser operado. No punho, mesmo fraturas com desvio muito pequeno podem ter indicação de cirurgia. Procure o médico habilitado em cirurgia da mão para a melhor indicação.

Cada fratura tem uma indicação e uma técnica específica, podendo usar parafusos, placas ou pinos (esses últimos são os que ficam para fora da pele).

Dr. Vinícius Almeida

06/01/2021 por medvale 0 Comentários

DOR ANTERIOR NO JOELHO

Vamos falar sobre uma das queixas mais frequentes no consultório do especialista em cirurgia do joelho, a dor da região da frente do joelho.

Esse tipo de dor é comum, tanto em sedentários, quanto em atletas, com motivos diferentes que acabam causando o mesmo sintoma.

O tratamento deste problema depende de um diagnóstico correto.

Para entendermos o que acontece, vamos primeiro conhecer nosso joelho.

Temos o osso da coxa (fêmur) em cima, o osso da perna chamado de tíbia e a fíbula em baixo, e a patela ou rótula na frente.

Esses ossos formam a articulação do joelho.

Essa articulação fica dentro de uma cápsula, a cápsula articular, que “embrulha” esses ossos, separando o espaço intra-articular, do que é extra articular. Dentro desta cápsula existe um líquido chamado líquido sinovial, que funciona como lubrificante da articulação.

Cerca de um terço das pessoas tem uma expansão desta cápsula, na parte de trás do joelho, que forma uma espécie de ‘pelota’, ou seja, um cisto, que é chamado de cisto poplíteo ou cisto de Baker, e isso é normal.

Recobrindo os ossos dentro da articulação, temos o tecido chamado de cartilagem, exatamente igual a cartilagem que vemos na coxinha do frango. A cartilagem é um tecido especializado em amortecer o impacto e é extremamente liso. A cartilagem evita o atrito entre os ossos e é lubrificada pelo líquido sinovial.

Na foto acima vemos nitidamente a diferença entre a cartilagem normal e uma lesão.

Dentro do joelho temos os meniscos, que são duas estruturas em forma de meia lua, uma de cada lado da articulação (menisco medial e menisco lateral). Eles funcionam como arruelas, ajudando o encaixe dos ossos e a distribuição do peso do corpo na articulação.

Temos ainda os ligamentos (os principais são: cruzado anterior, cruzado posterior, colaterais medial e lateral e o ligamento patelo-femoral medial) que são estruturas estabilizadoras, semelhantes a uma corda, que unem os ossos da articulação. Eles também funcionam como sensores para coordenarem nosso equilíbrio.

O músculo que estica o seu joelho é o quadríceps, formado pelos músculos vasto medial, vasto intermédio e vasto lateral, e pelo reto femoral, e se encontra na frente da coxa. Ele abraça a patela através do tendão quadricipital e da retinácula, e forma um tendão que prende a patela na tíbia, e se chama tendão patelar.

Os músculos responsáveis por dobrar seu joelho são os posteriores da coxa (isquiotibiais), eles cruzam o joelho por trás e se prendem na perna (você os sente como cabos atrás do joelho).

Além do quadríceps e dos posteriores da coxa, temos outros músculos importantes para o funcionamento dos joelhos que são os glúteos, que formam o bumbum, e as panturrilhas.

Os músculos Sartório, Grácil e Semitendíneo, se prendem na tíbia, formando um conjunto chamado “pata de ganso”, que ajuda a estabilizar o lado interno do joelho.

Existem diversos problemas que podem causar dor no joelho e o tratamento depende de um diagnóstico correto.

A seguir veremos algumas das possíveis causas diagnósticas deste tipo de dor.

DORES REFLEXAS

As dores reflexas são aquelas que se originam em outros lugares, mas sentimos no joelho. Como por exemplo, temos a dor ciática, que apesar de ser causada por alterações da coluna ou compressões nos glúteos, se apresenta como dor na perna e no joelho.

As dores reflexas do quadril, são aquelas que doem no joelho, mas são causadas por alterações do quadril.  Como por exemplo, pacientes com artrose do quadril, muitas vezes procuram o médico com queixa de dor no joelho. Isso acontece porque o nervo responsável pela sensibilidade do quadril também é responsável pela sensibilidade em uma parte do joelho. Ele se chama nervo obturador. Neste caso apesar da dor ser no joelho, a causa dela está no quadril, e o tratamento deve ser focado nele.

DOENÇAS SISTÊMICAS

Doenças sistêmicas são aquelas que acometem o organismo como um todo. As doenças reumáticas como lúpus, artrite reumatoide e a gota são causas frequentes de dor no joelho.

As leucemias, que são um tipo de câncer do sangue, também são uma causa de dor na região do joelho. Nestes casos, o tratamento é o da doença em si.

DOENÇAS ESPECÍFICAS DO JOELHO

As causas de dor que se originam no joelho podem ser divididas em três grupos:

  1. Peri-articulares
  2. Intra-articulares
  3. Patelo-femorais

As peri-articulares, são aquelas onde a causa da dor está em estruturas ao redor da articulação do joelho fora da cápsula articular. Entre essas causas podemos listar as tendinites, as bursites e alguns tipos de tumores.

As intra-articulares tem origem em estruturas dentro da articulação, como as lesões dos meniscos, da cartilagem, a artrose, as plicas sinoviais e as sinovites, assim como tumores que possam existir dentro da articulação.

As patelo-femorais são aquelas relacionadas a articulação da rótula (patela) com o fêmur. Aí encontramos diversas causas de dor:

  1. Alterações no modo como a rótula se movimenta sobre o fêmur.
  2. Hiper-pressão, condição em que a patela se ‘esfrega’ contra o osso da coxa, causando atrito excessivo
  3. Artrose, que é o processo de desgaste dos ossos de uma articulação
  4. As lesões de cartilagem.

ANORMALIDADES BIOMECÂNICAS

As anormalidades biomecânicas provavelmente são a causa mais comum de dor na frente do joelho. A dor pode estar relacionada a anormalidades estruturais do osso que fica logo abaixo da cartilagem, chamado de osso subcondral, ou a alterações na estrutura da própria cartilagem. Como por exemplo, no caso da tão falada condromalácea (condro significa cartilagem e malácea significa amolecimento, portanto condromalácea pode ser traduzido por cartilagem amolecida). Essas alterações estruturais levam a uma menor capacidade de absorção de impacto, causando dor.

Por fim, a dor também pode estar relacionada a excesso de carga na articulação. Não existe um problema no joelho, o problema está na quantidade de esforço a que ele está submetido. Isso pode acontecer por excessos no treino de um atleta, por mudanças nas atividades físicas de qualquer pessoa, ou por ganho de peso.

Vimos, portanto, que existem diversas causas que podem ser responsáveis pela dor na frente do joelho. Mais adiante nos aprofundaremos em cada uma dessas causas.

Para que o tratamento correto da dor no joelho possa ser feito, é fundamental termos um diagnóstico exato da causa dessa dor. Procure seu ortopedista.

Ah! E por que meu joelho estala?

Os estalos nas articulações ocorrem pelo deslocamento de ar e do líquido sinovial dentro da articulação.

Neste link:

https://youtu.be/W0ah_5FFyDw

Você assiste a uma articulação de um dedo estalando. O dedo é puxado e observa-se a formação de uma mancha preta no espaço da articulação. É uma bolha de ar!

Esses deslocamentos de líquido e de ar podem ocorrer nas articulações, nos músculos e nos tendões. Podem causar estalidos muito altos, únicos ou constantes e repetitivos. Em geral são indolores e não travam a articulação. Se o estalido for doloroso, ou houver um bloqueio, um travamento da articulação, você deve procurar seu ortopedista, imediatamente, pois pode haver alguma coisa solta dentro dela. O que chamamos de corpo livre, e discutiremos mais à frente.

(“nenhuma violação de direitos autorais pretendida”)

Dr. Antonio Alberto Affonso Filho

30/11/2020 por medvale 0 Comentários

DOUTOR, MINHAS MÃOS ESTÃO FORMIGANDO!

Formigamentos nas mãos e membro superior são das patologias mais comuns no consultório de cirurgia da mão.  Na maioria das vezes, são secundárias às chamadas Síndromes Compressivas. Elas compreendem um conjunto de patologias nas quais nervos periféricos são “apertados” em túneis fibrosos ou grupos musculares, levando a esse sintoma.

Causas

A maioria dos casos é idiopático (sem causa conhecida), estão relacionado a posições viciosas, compressões  extrínsecas, malformações vasculares, ou ainda doenças infecciosas ou do próprio nervo, que aumentem o tamanho dele. Isso leva a alterações na vascularização do nervo, e cronicamente a alterações da função (de sensibilidade ou de força muscular).

Sinais e sintomas

Cada nervo tem uma função específica, e cada compressão leva a sintomas específicos, mas podemos generalizar como sintomas de formigamento, choque, diminuição de sensibilidade, dificuldade de manter os braços elevados, ou de agarrar objetos. A noite, os sintomas podem aumentar, prejudicando o descanso merecido do paciente. A dor pode estar associada, seja ela consequência direta ou indireta da compressão do nervo.

Diagnóstico

 Podemos dividir as compressões em:

  • Síndrome do Túnel do Carpo
  • Síndrome do Túnel de Guyon
  • Síndrome do Túnel Cubital
  • Compressões do Nervo Radial
  • Compressões Altas (no pescoço, ombro ou braço)

A história clínica é a principal forma diagnóstica. A partir da descrição pelo próprio paciente, e através de manobras feitas pelo médico, conclusões já podem ser tiradas. Exames como a Eletroneuromiografia, Ultrassonografia e,  em raros casos a Ressonância Magnética podem auxiliar em dúvidas diagnósticas, mas não são obrigatórios.

Tratamento

O tratamento pode sem dividido em 3 formas básicas:

  • Conservador – A atenção a posições viciosas que possam comprimir os nervos. O uso de imobilizações pode ser indicado. Tratamentos analgésicos com alguns complexos vitamínicos, ou ainda anticonvulsivantes podem diminuir sintomas.
  • Infiltrações – A infiltração de medicamentos antinflamatórios e/ou anestésicos pode levar a alívio temporário, e em alguns casos completo dos sintomas
  • Cirurgia – Deve-se fazer, basicamente, a descompressão do nervo acometido, a depender de cada diagnóstico

Pós-operatório

Após a cirurgia um curativo pequeno é utilizado até a retirada dos pontos (10 a 14 dias) e a mobilização dos dedos deve ser encorajada. A liberação para todas as atividades depende muito da patologia e deve ser individualizada.

Dr. Vinícius Almeida

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